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Quatro histórias Paranormais


Ao contrário do Padre Quevedo, sou uma completa nulidade em paranormalidade. Não saberia nem por onde começar a comentar este assunto. Então, não o farei. Limito-me a relatar quatro histórias que chegaram ao meu conhecimento. Deixo o juízo para vocês. Sobre certas coisas talvez seja melhor sequer ter opinião. De modo que começo pelo já mencionado Padre Quevedo, jesuíta espanhol enviado para o Brasil por seu superior porque aqui, presumivelmente, haveria farto material para estudo da paranormalidade. Talvez o padre tenha se excedido no estudo, tornando-se mestre na matéria, adquirindo ele mesmo capacidades paranormais. Assim opina um professor meu de neuroanatomia, respeitável ao ponto de ser um dos raros brasileiros a acompanhar, em instituições médicas européias, a marcação de circuitos neuronais por isótopos radioativos. Este sujeito notável testemunhou o padre Quevedo entrar vendado em um recinto onde os presentes haviam dispostos objetos aleatoriamente pelo chão. Então, o padre caminhou de braços esticados pela sala como que tateando os objetos jogados no chão, tendo sido capaz de identificar a todos corretamente.

Para agradar os que gostam do assunto, continuo a narrativa. Minha segunda história também inclui um médico; desta vez um psiquiatra, a quem perguntei qual o caso mais extraordinário que ele já presenciara. Sua resposta foi, de fato, extraordinária: ele já atendera um sujeito que conseguia, tal qual o Superman, olhar através de paredes. Para se certificar de que o paciente não delirava, pois o relato dele era muito consistente, o médico se retirou do consultório e mudou de lugar diversos objetos na sala de espera. Retornando ao atendimento, o paciente narrou-lhe perfeitamente cada uma das mudanças que ele fizera. Agora não me lembro qual o tratamento o médico indicou. Parece-me que envolveu algum medicamento. O paciente retornou algumas vezes, nas quais reportou vagamente que apresentava melhoras, e ficou por isso mesmo. Eu não pude aceitar que tal história terminara daquela forma, e fui logo perguntando como o médico não o convencera a participar de algum estudo, mas ele me disse que aquela condição causava, de fato, grande desconforto para o sujeito, de modo que ele se recusaria peremptoriamente a um tal convite.

Também a terceira história envolve um médico, agora pediatra, novamente meu professor. Diz ele que uma aluna sua lhe havia dito, alguns anos atrás, ser capaz de mover objetos com a força da mente quando se encontrasse em intenso estado de relaxamento. Atirado como só ele, disse a aluna que o chamasse quando se sentisse naquele estado de espírito, para que ele pudesse vê-la em ação. Aconteceu que, certo tempo depois, ela o chamou para ir à sua casa. Chegando lá, diz ele que pôde presenciar perfeitamente um livro se mexendo para a frente na prateleira por força do pensamento de sua ex-aluna, ao menos assim ele me relatou por livre e espontânea vontade. À exceção da história do homem que enxergava através das paredes, as outras duas histórias foram contadas em sala de aula, para mim e para outros alunos ao mesmo tempo. Como disse antes, deixo o juízo para vocês, pois não estive presente em nenhuma dessas ocasiões. Já quanto à quarta história, esta me envolve diretamente, pois não apenas eu a testemunhei pessoalmente quanto fui, eu mesmo, o protagonista central do fato extraordinário.

Estava na cozinha da casa de minha mãe conversando com minha irmã de madrugada. Falávamos sobre coisas desimportantes ao ponto de não me lembrar delas. No momento da ocorrência, eu caminhava lentamente, com o pensamento longe, quase que esquecido da realidade material ao meu redor. Então, passando ao lado da pia da cozinha, avancei com a minha mão direita sobre um copo que estava na beirada. Surpreendentemente, minha mão não derrubou o copo, mas atravessou-o e, assim que o fez, estourou-o, lançando cacos de vidro para os lados, sem machucar minha mão, de modo que a base do copo permaneceu presa ao granito da pia. Imediatamente olhei para minha irmã, que estava atônita com o que acontecera. Tentei alguma racionalização que explicasse o evento, mas não cheguei a nada que satisfizesse à estranheza causada a quem o tivesse testemunhado diretamente. Curiosamente, não atribuo a nenhuma suposta entidade sobrenatural a responsabilidade por qualquer um destes acontecimentos, do qual só testemunhei mesmo o último. De fato, pensem o que quiserem. Destas histórias tenho apenas a opinião de serem casos misteriosamente curiosos.

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